Depois de dormir em Castrojeriz, vamos esticar um pouco até Frómista. Muita gente prefere parar em Boadilla del Camino, deixando o trecho maior para o outro dia. É também uma boa opção, mas, como sempre, a decisão é só sua. Não há regras no Caminho de Santiago, as etapas você faz conforme suas necessidades e sempre estarão certas.
Eu considero este trecho como de dificuldade média para baixa. Há um morro já no início, mas depois disso o relevo não maltrata tanto o corpo. O que pode complicar um pouco é a falta de sombra, por isso evite sair muito tarde. O sol nos deixa mais cansados, caminhar depois do meio-dia é muito mais penoso. Aliás, a falta de sombra é uma característica da região, poucas são as áreas com árvores. Prepare-se para acordar bem cedo mesmo, é mais agradável caminhar com o sol ainda baixo.
Neste artigo você vai encontrar:
De Castrojeriz a Itero de la Vega
A saída de Castrojeriz não tem segredos, basta seguir as setas. Na plaza Mayor, caso ainda não tenha conhecido, vai ter bares e umas lojinhas. Foi a última destas que me salvou no meu primeiro Caminho.
Eu segui o conselho de “experts” e não levei muita roupa de frio, pois disseram-me que em abril e maio não faz frio, pelo contrário, só calor. Eu estava usando a segunda pele, dois fleeces e a capa de chuva para proteger do vento, e ainda assim passava frio.
Foi então que eu vi várias jaquetas penduradas numa arara, numa loja da plaza Mayor de Castrojeriz. Paguei 14 euros numa jaqueta um número maior, mas é o que tinha. A partir deste ponto minha peregrinação mudou muito, para melhor. Passar frio é horrível!
Mas, voltando ao assunto, depois da plaza Mayor você segue em frente até chegar em algo que parece o fim da rua, pois encontrará algumas casas de frente para a via que você está andando.
Na verdade, a rua segue à esquerda e você logo enxergará outra flecha amarela pintada em um muro, um pouco mais para baixo. Você vai cruzar a Carrettera de Villadiego e, alguns metros depois, a BU-400, outra estrada que passa por Castrojeriz. Muito cuidado nestas travessias!
Um Morro no Caminho, a Maior Dificuldade do Dia
No Km 2,5 você vai passar numa ponte sobre o pequeno rio Odra. Até aí é só felicidade! Mas 300 metros adiante começa a subida até o Alto de Mostelares. Será aproximadamente 1,4 quilômetro de subida, indo de uma altitude de 772 metros até 826 metros. Como é a única grande subida, recomendo fazer devagar, com muita calma. Não desperdice energia já no começo, ainda terá bastante chão pela frente. Lá em cima você encontrará uma área de descanso com cobertura. Uma ótima ideia será fazer uma pausa para recuperar o fôlego e tirar algumas fotos, afinal, a vista é linda!
A descida não podia ser diferente, muito inclinada, inclusive com indicação da inclinação para avisar aos peregrinos que ali devem tomar muito cuidado. Na ladeira o piso é cimento, o que ajuda um pouco por não ter grandes pedras como na descida do Alto del Perdón. Porém cimento é um piso muito duro, o impacto ao pisar é maior. Ou seja, desça bem devagar para não se machucar, seus joelhos agradecerão.
Uma Rota Alternativa: Passando por Itero del Castillo
Depois de diminuir bastante a altitude, no km 5,8 (elevação 816 metros), você vai encontrar uma bifurcação. Indo para a direita você seguirá para Itero del Castillo, o que muitos indicam como sendo o caminho tradicional. Eu nunca fui por ali, pois aumenta um tanto a caminhada e chegará no mesmo lugar, no fim das contas: na divisa entre a província de Burgos e a província de Palência, km 9,6. Tudo bem que são “só” 1,2 quilômetros, mas mesmo assim nunca fui.
Ermita de San Nicolás
Já tendo andado 9,5 quilômetros, você encontrará uma pequena construção ao lado esquerdo, pouco antes de uma ponte. É a ermita de San Nicolas. Antigamente era a igreja paroquial de um pueblo chamado Puente Fitero. Este pequeno lugarejo desapareceu com o tempo, ficando somente as ruínas da Igreja de San Nicolas. A igreja, que foi restaurada pela Confraria de Santiago de Perúgia (Confraternità di San Giacomo di Compostela in Perugia), agora é o albergue de San Nicolás. Este albergue funciona de 15 de maio a aproximadamente setembro (varia a cada ano) e conta com 12 lugares. Pelo que ouvi falar, vale a pena passar a noite neste albergue.
Entrando em Palência
Poucos metros após o albergue você passará pela ponte que dava nome ao lugar. Esta ponte, que foi terminada no início do século XII e que tem 200 metros de extensão, cruza o rio Pisuerga. Este rio separa as províncias de Burgos e de Palência. Logo após a ponte você encontrará um marco indicando que está na província de Palência, onde também tem alguns bancos para sentar e descansar. Falta apenas 1,4 quilômetro para chegar em Itero de la Vega.
Na entrada de Itero de la Vega vai ter um estabelecimento que é bar, restaurante, hostal e albergue, mas a pouco mais de 100 metros há outros bons também. Eu prefiro os lugares mais centrais, quando existem e são bons. Neste caso, existem. Mas esta é uma preferência minha, o bar bem na entrada vem a calhar quando se está muito cansado!
Itero de la Vega a Boadilla del Camino
O trecho entre Itero de la Vega a Boadilla del camino tem 8,2 quilômetros. Saindo de Itero de la Vega serão 400 metros no asfalto, até cruzar a rodovia P-4311. Daí em diante, terra batida, mais parecendo areia. Um solo bom para caminhar, mas nada de sombra. Além disso, será uma subida até o km 15,5. Você irá de 769 a 828 metros nestes próximos 4 quilômetros. A inclinação não é grande, mas o sol ajudará a fazer desta parte um pouco mais árdua. Chegando no km 15,5 você começará a descer novamente até chegar em Boadilla del Camino, a 781 metros acima do nível do mar. Podemos dizer que o km 15,5 marca não só a transição da subida para descida, mas também a metade do trecho entre Itero de la Vega e Boadilla del Camino. A segunda metade é, sem dúvidas, muito mais tranquila.
Em Boadilla del Camino, km 19,5, você encontrará bares e albergues. Como já comentei, muitos peregrinos preferem ficar por aqui, deixando para o dia seguinte um trecho maior, mas com o relevo bem mais amigável. Neste lugar eu recomendo ficar no albergue En El Camino. Muito bom, gente simpática, comida gostosa. O albergue municipal, que fiquei no meu primeiro caminho, era bem descuidado. Mas bem descuidado mesmo, praticamente abandonado! Sei que está sob nova gestão desde 2015, então pode ter melhorado muito. Ouvi falar que tem até wi-fi agora, mas não conheci o “novo” para poder opinar.
Portanto, se resolver ficar neste pueblo não fará mal negócio, deixe para decidir de acordo com suas condições físicas na hora. Mais um motivo para carregar sua mochila: poder decidir até onde ir de acordo com a sua vontade, não ficar obrigado a ir até determinado lugar. 🙂
Boadilla del Camino a Frómista
Este último trecho tem apenas 6,1 quilômetros e é praticamente plano até Frómista. Mas este praticamente plano é porque há subidas e descidas tão leves que você nem sente. Você andará quase 2 quilômetros até encontrar o Canal de Castilla e seguirá ao seu lado até a entrada de Frómista. Uma estradinha agradável que fará com que este último pedaço seja bem leve, bem gostoso de andar.
Antes de entrar em Frómista você cruzará o Canal de Castilla por uma pequena ponte feita em cima do início da eclusa quadrupla, mais ou menos no km 25,7. Em seguida começará a entrar na pequena cidade, chegando no albergue municipal no km 25,6.
Frómista é um lugar com um pouco mais de estrutura, tem bares, restaurantes, albergues, hoteis, farmácia e postinho de saúde. Além disso, tem uma agência do Correio, caso você decida despachar algum peso extra até Santiago de Compostela.
Se você fechou sua etapa aqui, o dia seguinte será bem tranquilo. Mas não é por isso que você vai relaxar! Acorde bem cedo no dia seguinte, pois terá muita coisa para aproveitar no dia seguinte!
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Bom Caminho!
Mapa e Altimetria da Etapa
Albergues e Outras Acomodações
Castrojeriz (Burgos)
População: 880
Albergues
Itero del Castillo (Burgos)
População: 103
Albergues
Itero de la Vega (Palencia)
População: 176
Albergues
Boadilla del Camino (Palencia)
População: 137
Albergues
Frómista (Palencia)
População: 822
Tive a oportunidade (e a felicidade) de ficar na Ermita San Nícolas, onde um Padre (Lino) me chamou na estrada e me perguntou se eu gostaria de dormir lá…. havia somente 07 camas (2015) e tivemos uma celebração de lava-pés maravilhosa… uma das experiências mais fantásticas de todos os meus caminhos….
Olá Marcio!
Obrigado pelo seu comentário. Todos que tiveram esta oportunidade falam que foi algo muito especial. Espero ter esta felicidade um dia… 🙂
Um abraço e bom Caminho!
Claudio