Sair de Léon não é tarefa fácil. Não somente por ser uma bela cidade com muita coisa para ver, o que nos faz querer ficar mais tempo para conhecê-la. É difícil também por ser um longo trecho urbano.
Ao contrário de Burgos, onde a chegada é mais difícil, em Léon você passará pela parte mais cansativa na saída.
Ainda terá um bom trecho de imensas retas ao lado da rodovia, parecido com os dias anteriores, mas depois desta etapa as coisas finalmente começam a mudar.
Neste artigo você vai encontrar:
Opções para as próximas etapas
Preciso explicar algo antes de falar sobre as próximas etapas: decidi separar os trechos desta forma, colocando 25,5 quilômetros neste dia, porque assim poderá ter Astorga como final de etapa. Considero-a uma bela cidade que vale a pena ficar.
Já fiz a separação desta e de outras maneiras, caminhando um pouco mais ou um pouco menos. Você pode deixar para decidir de acordo com suas condições no dia.
Já fiquei em Villadangos del Páramo, em San martin del Camino, em Hospital de Órbigo e Villares de Órbigo. Adorei ficar neste último pueblo, mas ir direto de Léon até aí é muito cansativo (mesmo!).
Já Hospital de Órbigo seria uma boa alternativa. Apesar da enorme distância, o relevo ao menos ajuda muito. O bom é que sobra mais tempo para curtir Astorga.
Ao ler sobre a próxima etapa – San Martin del Camino a Astorga – você pode ter uma ideia do que te espera e decidir como fazer os trechos de forma mais conveniente para você.
Bem, vamos à descrição!
Léon a La Virgen del Camino
Este pedaço até La Virgen del Camino é quase todo dentro da zona urbana. Por isso vai ser um pouco cansativo, mas dá para encarar sem medo. Nada de ladeiras absurdamente inclinadas até sair de Léon, fique tranquilo!
Entre Trobajo del Camino e La Virgen del Camino você vai subir um pouco, vai pegar uma ladeirinha chata. Mas nada que você precise parar para descansar!
Aliás… tenho que contar mais uma coisa. Depois dos primeiros quilômetros você terá oportunidade de seguir por um caminho alternativo. Nunca segui esta rota alternativa, que é cerca de 4 quilômetros mais longa. Porém pretendo conhecê-la, pois não segue ao lado do asfalto.
Agora que dei os principais avisos, vamos ver com mais detalhes.
Saindo de Léon
A saída de Léon merece um tópico exclusivo, pois você passará por diversos pontos interessantes. Alguns talvez você não tenha tido tempo de conhecer, outros talvez já tenha visitado.
Considerando que você vai sair do Albergue das Carbajalas, você vai seguir pela Calle Herreros, que fica na esquina da rua do albergue. A Calle Herreros passa a se chamar Calle Rúa (sim, Rua Rúa) mais adiante.
É importante eu falar do trajeto saindo deste albergue porque aqui tem uma “pegadinha”. Seguindo pela Calle Rúa, você vai chegar na praça onde tem a Casa Botines, edifício projetado por Gaudi, que falei na descrição da etapa anterior.
Atalho desviando da Catedral de Léon
Neste ponto as flechas indicam para virar à direita. Porém isto é para os peregrinos que não vão ficar em Léon. Explico: o trajeto foi demarcado de forma que os peregrinos passem pela Catedral!
Se você já conheceu a Catedral e arredores, pode seguir sempre reto, passando pelo lado direito da Casa Botines. Seguirá em frente até encontrar uma parte da antiga muralha romana.
Continuará reto, ao lado da muralha, até o fim dela. Neste ponto você vai virar à esquerda (deve avistar flechas amarelas já) pela Calle Renueva. Basta seguir normalmente a partir deste ponto, já terão as indicações normais do Caminho de Santiago de Compostela.
Indo por este atalho você economizará aproximadamente meio quilômetro. Porém, se você não viu a Catedral nem a Basílica de São Isidoro, esqueça o atalho e siga as flechas.
Últimos quilômetros na cidade de Léon
Seguindo as flechas você vai chegar Na Plaza de San Marcos, onde tem a igreja deste santo e o Parador de Léon, que citei na etapa anterior. Logo em seguida você vai atravessar uma ponte sobre o rio Bernesga, e estará no Bairro do Paraíso.
Continuando você vai chegar a uma passarela de pedestres, que cruzará a linha do trem. Da praça de São Marcos até a passarela será aproximadamente um quilômetro e meio.
Depois de atravessar esta passarela você estará em Trobajo del Camino, uma pequena cidade ao lado de Léon. Serão pouco mais de 4 quilômetros até La Virgen del Camino – km 7,9.
Neste trecho você vai andar na área industrial ou ao lado da rodovia, principalmente ao chegar em La Virgen del Camino. Adivinhe qual rodovia? Tchanan!! A N-120, que vem nos acompanhando desde muito longe!
La Virgen del Camino a San Miguel del Camino
Considerei como referência para marcação de distância a Basílica da Virgem do Caminho (km 7,9). Bem ao lado dela tem uma fonte de água e alguns bancos. Se quiser parar um pouco para tomar um fôlego, este é um bom lugar.
Aqui você vai atravessar a rua (pela faixa, obviamente) e seguirá ao lado da rodovia. Um pouco mais para a frente, no km 8,2, você vai ver muitas flechas desenhadas no chão. Elas indicam que indo pela esquerda você pegará a rota alternativa que falei anteriormente, por Villar de Mazarife.
Rota alternativa por Villar de Mazarife
A desvantagem desta rota é que, até Hospital de Órbigo, serão 4 quilômetros a mais. A vantagem, em contrapartida, é que ela não segue ao lado da rodovia. Nunca fui por aí, mas quero um dia conhecer este trajeto.
Se resolver ir pela rota alternativa você passará por Fresno del Camino, Oncina de la Valconcina e Chozas de Abajo antes de chegar a Villar de Mazarife.
Continuando pela rota “normal”
Indo em frente, no km 9,8 terá um pequeno túnel para o peregrino passar por baixo da rodovia (A-66). Já ao chegar no km 11,3 você encontrará novamente a N-120, que havia ficado um pouco mais distante para chegar até o túnel que acabei de mencionar.
Você chegará a Valverde de la Virgen depois de andar 12 quilômetros. É um pequeno pueblo que tem algumas casas nas margens da rodovia, não muito mais que isso. Continue reto até o próximo pueblo (San Miguel del Camino) que é bem perto, pouco mais de um quilômetro para a frente.
Em San Miguel del Camino aproveite para fazer uma pausa, comer algo e tirar um pouco a bota. Provavelmente você já esteja um pouco cansado e ainda falta um bom pedaço. Esta pequena aldeia fica a um pouco mais da metade da etapa de hoje.
Casa do Agapito
Não posso deixar de comentar que no km 13,3, do lado esquerdo, fica a casa do Agapito. Ele é um senhor que deixa algumas coisas para o peregrino comer (algumas castanhas, balas, biscoitos) em uma mesa, além de água.
Na mesa terá também o carimbo dele para você colocar em sua credencial e um caderno para você deixar uma mensagem para ele. Assim como a Felícia, perto de Logroño, ele é uma das figuras conhecidas do Caminho Francês.
San Miguel del Camino a Villadangos del Páramo
Este trecho terá 7,5 quilômetros. Na primeira metade você encontrará um pouco de subidas (leves, ondulações normais do terreno). A segunda parte será bem melhor, uma descida. Quase imperceptível, mas descida.
No km 19,4 você vai encontrar alguns bares, restaurantes e um hostel. É uma parada de caminhoneiros. Se estiver faminto ou cansado pode ser uma boa ideia fazer uma pausa aí. Lembre-se, porém, que falta pouco mais de 1 quilômetro para chegar a Villadangos del Páramo.
Sempre seguindo o traçado da rodovia, você vai passar por um posto de gasolina um pouco depois dos restaurantes. Em seguida terá uma área de descanso com mesinhas, no km 20,4. Neste ponto faltam apenas 400 metros para o albergue municipal de Villadangos del Páramo.
Albergue de Villadangos del Páramo
Fiquei no albergue de Villadangos del Páramo apenas uma vez. Ele é bem simples, mas muito bom.
Tem um quarto com 30 lugares e outros “quartos” com 2 beliches em cada um. Coloquei entre aspas porque estes quartos são espaços separados por paredes, mas sem portas, como se fossem baias.
Relato: o peregrino coreano
Um pequeno relato para descontrair. No albergue minha mãe e eu, conhecemos um senhor coreano. Ele devia ter uns 50 anos mais ou menos e estava na beliche ao lado da que estávamos. Chegou um pouco depois da gente.
Apesar dele só falar coreano, nos comunicamos bem. Coisas do caminho, aprendemos a nos comunicar como é possível! Foram mímicas e dedos apontados para mapas e panfletos, assim nos entendemos.
Depois de Villadangos del Páramo, só fomos encontrá-lo no Monte do Gozo, quase chegando em Santiago de Compostela. Interessante que foi a maior festa, ficamos muito felizes em nos encontrar. Ele que nos viu e chamou.
Mesmo tendo “conversado” tão pouco, parece que nasceu uma grande e sincera amizade. Isso acontece muito no caminho. A gente fica alegre ao ver que pessoas que conhecemos durante o trajeto também estão chegando, que também estão atingindo seu objetivo.
Villadangos del Páramo
O albergue de Villadangos del Páramo fica bem na entrada desta localidade. Você terá que andar alguns metros a mais para encontrar um mercadinho.
Se quiser um restaurante, você encontra na carretera (rodovia), também a poucos metros do albergue. Eu comi no restaurante Libertad e gostei. Porém, como tudo muda com o tempo, pode ser que tenham mais opções que antes e que alguns lugares fechem ou mudem de nome.
No albergue certamente vão te indicar um bom lugar para comer, caso não queira preparara a própria refeição (neste albergue tem cozinha).
Villadangos del Páramo a San Martin del Camino
Continue seguindo as flechas, você vai passar por Villadangos del Páramo pela Calle Real, onde tem um pequeno mercado. Seguindo até o fim do pueblo você vai cruzar uma pequena ponte sobre o canal de Villadangos. Cruzará uma estradinha e seguirá em frente.
Pouco mais de 400 metros adiante você vai encontrar a rodovia N-120 novamente. Neste momento você começará a andar ao lado dela até San Martin del Camino.
Você pode cruzar a rodovia (muito cuidado!) e ir pelo lado esquerdo, ou simplesmente seguir pelo lado que já está, o lado direito da rodovia. Já fui pelos dois, mas prefiro ir pelo lado esquerdo.
Deste ponto até o albergue de San Martin del Camino serão 3,4 quilômetros em uma reta sem fim. A distância não é grande, menos de uma hora de caminhada mesmo para os que andam muito devagar.
Antes de chegar ao pueblo você já vai ver uma grande caixa d’água com formato um pouco peculiar (para mim parece um disco voador!). O albergue municipal fica no mesmo lugar que esta caixa d’água. Até hoje não descobri o porquê deste formato.
San Martin del Camino
Não há muito o que ver neste lugar. Apesar de ter mais de um albergue, não há muitos comércios. Como este lugar fica praticamente no meio do caminho entre Léon e Astorga, muitos guias consideram San Martin del Camino com final de etapa. Ao menos acredito ser este o motivo.
Se você ainda tiver fôlego, recomendo ir até Hospital de Órbigo (mais 7,3 quilômetros) ou Villares de Órbigo (2,5 quilômetros depois), deixando uma distância menor para o próximo dia. O caminho até estes dois pueblos será igual ao trecho entre Villadangos del Páramo e San Martin del Camino: reto, plano (uma leve descida, na verdade), ao lado da rodovia e sem sombras.
O dia seguinte será um pouco melhor, pois passando Hospital de Órbigo você não andará mais ao lado da rodovia. Além disso você chegará em Astorga, uma bela e simpática cidade.
Buen Camino! 🙂
Mapa e Altimetria da Etapa
Albergues e Outras Acomodações
León (León)
População: 124303
Albergues
Trobajo del Camino (León)
População:
La Virgen del Camino (León)
População: 4500
Albergues
Valverde de la Virgen (León)
População: 1430
Albergues
San Miguel del Camino (León)
População: 148
Villadangos del Páramo (León)
População: 1099
Olá! farei o Camino em setembro e, tenho curtido bastante seus posts…
Gostaria de te perguntar algo: acha muito cansativo andar de León a Villavante?
Eu gostaria de encurtar o trecho até Astorga…
Abraço e obrigada!
Olá!!
Para ir a Villavante você vai pegar o caminho alternativo. Apesar de ter passado por esse trecho 6 vezes, nunca peguei a variante, então não conheço o relevo. Desconsiderando isso e pensando só na distância, até Villavante você caminhará 30,9 km. Eu já fui de Léon até Hospital de Órbigo, são 31,8 km. Possível, sim. Muita gente faz. Mas sim, é bem cansativo e, dependendo das condições meteorológicas, fica mais (sol intenso, chuva). Lembre que depois das 10:30h o sol começa a ficar mais forte e é mais difícil de caminhar. Além disso, os primeiro 7 km, aproximadamente, na saída de Léon, é um pouco cansativo porque você anda na cidade por um tempo e depois pela área industrial (o “poligono”).
Claro que você deve avaliar suas condições físicas no dia, como está o clima, teu humor, teu ritmo caminhando, a hora que vai sair, etc. Lembre que distâncias grandes dificultam que você aproveite o Caminho, o importante é o caminho, não o destino. Se você puder, tiver tempo, quebre em 3 etapas para ter mais tempo em Astorga. Nesse caso, poderia fazer (sugestão, adapte à tua realidade) Léon a Villadangos del Páramo (20,4 km), Villadangos a Sántibañes de Valdeiglesias (16,4 km) e Sántibañes a Astorga (11,5 km). Tem outras opções, Hospital de Órbigo, Villares de Órbigo ou como você preferir. Pode estudar as etapas anteriores para encurtar um dia, andando uma distância um pouco maior em alguns dias.
Independente do trajeto, preste atenção na saída de Hospital de Órbigo para não pegar o trajeto mais curto, pois ele vai ao lado da estrada, prefira o que vai por Villares de Órbigo.
Agora, se o tempo estiver curto e quiser tentar, você consegue. Como eu disse, não conheço o relevo, mas indo por Villadangos del Páramo quase não tem subidas e descidas íngremes até Hospital de Órbigo (onde os caminhos se juntam). Ou seja, se for mais ou menos igual, isso facilita muito.
Se você iniciar o caminho em Léon, talvez seja um fator complicador, pois ainda não estará acostumada com o ritmo de andar longas distâncias todos os dias.
E, para finalizar, faça o teu caminho, os guias são só uma referência, elegendo as cidades que tem maior estrutura de serviços ou com mais potencial turístico para final de etapa. Muitas vezes as cidadezinhas menores são melhores para ficar, com acolhida melhor. A gente descobre boas surpresas em cidades pequenas. Se puder, sempre caminhe com a sua mochila, evite enviar. Isso te ajuda a curtir mais o caminho e decidir durante a caminhada até onde vai andar, além de aprender a levar o essencial (a gente acha que tudo é essencial, lá descobrimos que não é bem assim rs).
Obrigado por escrever e ler o blog. Pretendo fazer algumas modificações e melhorias nele. Contatos como o seu dão mais ânimo para fazer isso! Tendo dúvidas, pode perguntar à vontade. E depois não deixe de compartilhar quais foram as impressões do caminho, se encontrou algo que eu precise mudar no blog (muita coisa muda com o tempo). Sempre aceito sugestões e correções. E, se puder e quiser, claro, escreva um relato sobre o caminho ou alguma história interessante para eu publicar aqui. Isso sempre ajuda futuros peregrinos!
Um abraço e bom caminho!