A Fraternidade Internacional do Caminho de Santiago (FICS) é uma instituição situada em Santiago de Compostela e que tem por objetivo “compartilhar, defender e divulgar os valores e o patrimônio do grande legado do Caminho de Santiago de Compostela e transmiti-lo nas melhores condições a futuras gerações”, segundo escrito em seu site.
Na tentativa de conter a “hiper massificação” e a onda de turistas que procuram o Caminho de Santiago por considerarem-no uma forma de turismo barato, a FICS propôs aumentar a distância para obtenção da Compostela para 300 quilômetros para os peregrinos que percorrem o Caminho de Santiago a pé, e 500 quilômetros para aqueles que o percorrem de bicicleta ou a cavalo.
Segundo a FICS, esta massificação, principalmente no Caminho Francês, acarreta em disputas por lugares nos albergues, “abusos do setor hoteleiro e picaretagens de todo tipo”, o que desvirtua o espírito do Caminho e causa “danos irreparáveis à sua imagem universal e impõe sofrimento desnecessário a peregrinos de longa distância”.
Jose Antonio de la Riera, porta-voz da Fraternidade, disse que “para muitos peregrinos o Caminho Francês não começa, mas acaba em Sarria” devido a problemas de superlotação que ocorrem a partir deste ponto (pouco mais de 100 quilômetros de Santiago de Compostela).
A escolha da distância não foi por acaso, ela é a distância aproximada entre Oviedo e Santiago de Compostela, o primeiro itinerário de peregrinação, pelo qual chegou Afonso II, o Casto, para venerar os restos do Apóstolo.
A Fraternidade explica também que a peregrinação tradicional sempre foi “um fenômeno de longa distância e não uma romaria local”, como as que conduzem a santuários. Porém a polêmica proposta porém não tem sido bem recebida por algumas instituições, que julgam não ser isto que pode contribuir para a diminuição da massificação que vem ocorrendo.
A Catedral de Santiago de Compostela, responsável pela emissão da Compostela, por exemplo, não está convencida que esta seja uma boa ideia. O responsável da Oficina de Acolhida ao Peregrino considera que não há motivos para a ampliação das distâncias, e reduz o problema da massificação do Caminho de Santiago aos últimos trechos do Caminho Francês a “uns dias de julho e agosto”. Ainda afirma que com a recente declaração dos caminhos do Norte como Patrimônio da Humanidade contribuirá com a diversificação da peregrinação.
E o diretor da Fundação Catedral declara que não planejam ampliar a 300 quilômetros a distância para a obtenção da Compostela e diz que “(a solução) tem que ir por outros planos”. Segundo ele, não deve-se pensar “em uma moidificação substancial de algo que tem longa tradição”.
Resta saber então quais serão as medidas que tomarão para reverter a transformação do Caminho de Santiago em uma rota de turismo, cada vez mais vista apenas como fonte de lucro para alguns, e como turismo barato, para outros.
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