Neste dia você terá que tomar uma decisão. Poderá ir de Belorado a Atapuerca, deixando cerca de 20 quilômetros o dia seguinte ou irá até San Juan de Ortega, e restarão 25 quilômetros até Burgos. Estou levando em consideração que você ficará em Burgos, mas como eu já disse, as etapas são apenas sugestões. Você pode ficar onde quiser, dividir as etapas como ficar mais conveniente para você. Mas neste caso específico recomendo ficar em Burgos (falarei disto na etapa 13).
A caminhada é tranquila até Villafranca Montes de Oca e no último terço do trecho. O Caminho passa por alguns pueblos bem pequenos, um menor que o outro, e todos separados por uma pequena distância. Depois de Villafranca Montes de Oca serão aproximadamente 12 quilômetros até a próxima aldeia, San Juan de Ortega. Deste ponto faltarão 3,8 quilômetros aproximadamente até Agés e mais 2,2 quilômetros até Atapuerca. O problema maior é que entre Villafranca Montes de Oca e San Juan de Ortega o relevo judia bastante do peregrino.
Neste artigo você vai encontrar:
De Belorado a Villafranca Montes de Oca
O trecho entre Belorado e Villafranca Montes de Oca não apresenta muita dificuldade. Pensando bem, não apresenta dificuldade. O relevo é pouco acidentado, as subidas não são tão íngremes e, como o peregrino deve sair cedo, o sol não vai atrapalhar. Se estiver chovendo, o piso não é ruim. E a maior parte deste trecho é fora do asfalto ou de calçadas. Digo, se não mudaram nada, pois tem prefeituras “ajudando” os peregrinos construindo calçadas.
No km 1,1 você cruzará a rodovia N-120 mais uma vez. Muito cuidado, como sempre! Um pouco mais para a frente, no km 1,6 o Caminho passa por trás de um posto de gasolina (gasolinera) e em seguida, no km 1,8, cruzará uma pequena estrada. Esta estrada acaba numa rotatória e você passa rente a ela.
Ermita de Nustra Señora de la Peña, em Tosantos
O primeiro pueblo que você vai encontrar é Tosantos, no km 4,65. Dali verá a Ermita de Nuestra Señora de la Peña. Esta capela, muito bonita, foi construída incrustada na pedra. Fica a uns 700 metros do Caminho de Santiago. Nunca fui até lá, pois esta etapa é bem grande, não é bom deixa-la maior. Mas, caso fique em Tosantos, aproveite a oportunidade!
Apenas 1,9 quilômetros separam Tosantos de Villambistia. Na saída da primeira terá uma pequena subida, nada demais. Logo na entrada de Villambistia terá, à direita, a igreja de San Esteban, construída no século XVII.
Há neste lugar uma fonte com quatro canos cuja água possui poderes especiais, segundo uma lenda. Conta-se que para acabar com o cansaço e recuperar a vitalidade deve-se molhar a cabeça com a água que verte desta fonte. Nunca tentei, se você fizer me conte se funcionou! 🙂
Saindo de Villambistia, caminhará cerca de 1,6 quilômetros até Espinosa del Camino (km 8,1). Mas antes você atravessará a N-120 novamente, no km 7,9, muita atenção. Espinosa é um pequeno pueblo, mas tem bar e albergue. Se estiver cansado, aguente firme, falta pouco para fazer uma parada.
Continuando, no km 10 encontrará as ruínas de um mosteiro moçárabe, onde se encontram os restos mortais do Conde Diego Rodríguez Porcelo, fundador de Burgos.
Já no km 10,8 o trajeto encontra a N-120, mas você não deve cruzar. O Caminho continua ao lado, ou bem próximo, da estrada. No km 1,1 passará em frente a uma subestação de energia elétrica. Estará bem próximo do primeiro ponto de parada da etapa, aproximadamente 500 metros da entrada de Villafranca Montes de Oca. Chegando lá vai encontrar alguns bares onde poderá comer e descançar. Aproveite, o próximo pueblo fica a 12 quilômetros, sem bares.
De Villafranca Montes de Oca a San Juan de Ortega
Este é o trecho mais difícil da etapa, principalmente porque você já caminhou bastante. A partir deste ponto você vai subir os Montes de Oca. Vai sair da altitude de 936 metros para chegar a 1159 metros. Não seria muito se a distância fosse grande, mas serão apenas 3,3 quilômetros, sendo que a parte inicial é mais íngreme. Nos primerios 2,3 quilômetros vai subir aproximadamente 200 metros, até o km 13. Lá tem um mirante onde você vai ter a oportunidade de apreciar a beleza das serras de la Demanda y San Millán. Pouco menos de 100 metros adiante, chegará à famosa fonte de Mojapan (molha pão, em tradução livre).
Fonte de Mojapan
O nome desta fonte surgiu na idade média, segundo contam. Nesta época os peregrinos levavam pão em suas bolsas. Quando chegavam nesta fonte, paravam para recuperar energia descansando um pouco e comendo, podendo assim continuar a subir o difícil aclive. Porém, o pão que carregavam geralmente estava duro e seco, ruim para comer. Molhavam-no na freca água da fonte para amolece-lo. Daí vem o nome de Mojapan (molha pão).
A dificuldade continua
No km 15,3 você chegará ao monumento em homenagem aos mortos na Guerra Civil espanhola. Deste ponto vai poder observar um detalhe não muito animador: no próximo quilômetro você vai descer aproximadamente 40 metros e subir novamente até a altitude em que se encontra. Não chore, é o último desafio do dia! 🙂
Enfrentado o “obstáculo” e chegando novamente na parte mais alta, sentirá um certo alívio ao perceber que daí para a frente predominará a descida. Chegará ao monastério de San Juan de Ortega quase 7 quilômetros mais para a frente. Ao chegar lá, poderá comer algo e descansar. Muitos peregrinos pernoitam neste lugar, no albergue paroquial, deixando a etapa do dia seguinte um pouco mais longa. Cabe a você saber o tamanho do seu cansaço e decidir o que fazer.
De San Juan de Ortega a Atapuerca
Saindo de San Juan de Ortega, você caminhará mais cerca de 300 metros na estrada de asfalto. Depois estará novamente perto da natureza, cercado de árvores. Terá uma pequena subida, mas nada muito grande, poucos metros somente. Será um agradável trecho até Agés, a 3,5 quilômetros de San Juan de Ortega. Um passeio, um pulo para um peregrino.
Em Agés tem vários albergues e bares. Ou seja, tem muito mais estrutura que San Juan de Ortega e Atapuerca, o próximo pueblo. Por este motivo este é o lugar eleito por muitos peregrinos (e guias) como fim da etapa. Até Atapuerca serão somente 2,2 quilômetros a partir da saída de Agés. Esta distância é toda percorrida no asfalto, num terreno praticamente plano. Dificuldade mínima.
Em Atapuerca há um parque arqueológico bem interessante, a cerca de 600 metros do pueblo. Foi em Atapuerca que encontraram a ossada do europeu mais antigo, que impulsionou as pesquisas sobre a evolução humana. Nunca fui visita-lo, não sei como funciona. Sei que tem hora marcada e só atende grupos. Peregrinos pagam meia! Mais informações em http://www.atapuerca.org/apartado/151/horarios-y-tarifas.
Atapuerca é um lugar bem pequeno e com poucas opções de albergues e lugares para comer. Antes de ir é bom ligar para os albergues para saber se tem lugar ainda. Seria frustrante chegar lá e ter que voltar para Agés.
Buen Camino!
Mapa e Altimetria da Etapa
Albergues e Outras Acomodações
Belorado (Burgos)
População: 1800
Albergues
Tosantos (Burgos)
População: 60
Albergues
Villambistia (Burgos)
População: 51
Espinosa del Camino (Burgos)
População: 36
Albergues
Villafranca Montes de Oca (Burgos)
População: 145
Albergues
San Juan de Ortega (Burgos)
População: 20
Albergues
Ages (Burgos)
População: 60
Albergues
Atapuerca (Burgos)
População: 166
Olá, seus posts são ótimos, esclarecedores. Estou aprendendo muito e me deram maior motivação. Gratidão. Farei o caminho, sozinha, em set-17 e comecei a preparar a viagem agora. Você publicará as demais etapas, partir da 12a.?
Oi Laura!
Obrigado, suas palavras ajudam a deixar-me motivado a continuar escrevendo os textos. Sempre que tiver alguma dúvida, pode escrever que procuro ajudar.
Vou escrever sobre as outras etapas sim. Infelizmente não tenho tido muito tempo, e cada texto exige bastante. A 12ª etapa – Atapuerca a Burgos – está “no forno”! Estão faltando alguns detalhes apenas. Devo publicar nesta semana ainda. Fique de olho! 🙂
Um abraço e buen Camino!
Oi Cláudio, terminei de fazer pela terceira vez meu Penúltimo Camino, e foi agorinha mesmo, entre os dias 22 de agosto a 22 de setembro. Esse trecho fiz igual a vc desta vez e foi muito legal. Da primeira vez fiz de Viloria de Rioja até Ortega e a segunda vez, um massacre, de Granon até Ortega… loucura. Desta vez fiz de Santo Domingo a Belorado e daí até Agés. que voi oitmo. Melhor melhor foi estar e participar das festas de Santas Gracias, em Belorado, dia 1 de setembro. Ate andor de Nossa Senhora tive o privilégio de carregar… em 2020 farei pela 4a vez meu penúltimo caminho e até lá verei como vou dividir as etapasa para ficar em lugares diferentes. mas vai dar saudade… isso vai…
Olá Esio!
Que honra ter um comentário seu no meu blog! 🙂
É incrível como o Caminho começa a fazer parte da gente, tanto que mesmo quando pensamos que não faremos mais já começamos a planejar o próximo, não é mesmo?
O Caminho sempre nos dá o que merecemos, por isso você pôde carregar o andor! 🙂
Parabéns pelo seu terceiro Penúltimo Caminho! Se um dia quiser escrever um relato, terei prazer em publicar aqui no blog!
Um abração!
Claudio
Oi Cláudio, eu sou relapso. não sou de vir aqui tanto assim, Mas se quer mesmo saber, sou poeta e cronista e sobre Compostela já fiz muitas crônicas e as publico na Gazeta de Piracicaba. Domingo agora, dia 07, por acaso irá sair uma denominada…. Samos… aquele lugar mágico para quem foge de Sao Xil. eu já fiquei lá duas vezes… essa antepenúltima vez foi muito legal… em 2020 mudarei muuto as paradas, mas como fugir de Samos? de Belorado, de tantas cidades lindas? oprecisaria fazer o caminho em 80 dias nao é mesmo. mas vou fazer novamente em 32… voltarei aqui. me escreava. esiopoeta@bol.com.br