É hora de deixar Puente la Reina em direção a Estella. Um trajeto relativamente curto (perto dos que virão) com 21,5 quilômetros. Com quatro pueblos entre as duas localidades, separados por distâncias semelhantes, é um trecho tranquilo para programar as paradas.
Porém não se anime muito, há alguns desníveis que podem tornar esta etapa um pouco cansativa. Mas nada comparado aos Pirineus, não se preocupe!
A maior subida tem um desnível de cerca de 135m, em pouco mais de 1 quilômetro. Você poderá analisar melhor no gráfico que está no final do artigo.
Como as distâncias entre os pueblos praticamente dividem o trecho em 4 partes, vou fazer o mesmo para comentar sobre esta etapa. Sabendo que Mañeru e Cirauqui estão bem próximas, não considerarei o primeiro vilarejo nesta divisão.
Neste artigo você vai encontrar:
1. Puente la Reina a Cirauqui
A saída de Puente la Reina é bem tranquila, porém é bom ter cuidado ao atravessar a “BR”. Ok, atravessar a estrada, a carretera. Seguimos por algumas ruas, depois pegamos o trecho de terra, onde poderemos ver o Rio Arga no lado esquerdo.
Pouco mais para a frente passaremos por uma estação de tratamento de água, também do lado esquerdo. Tudo muito tranquilo e plano até chegar no km 2,6 da saída de Puente la Reina. Estou considerando como saída o fim da ponte.
Neste ponto você encontrará uma bela subida, onde poderá ver uma estrada bem no alto. Sim, vai subir até encontra-la! Serão cerca de 135 metros de subida em aproximadamente 1,2 quilômetros. Do topo da subida são mais 750 metros até o “centro” de Mañeru. É um pueblo bem pequeno, mas muito simpático.
De Mañeru até Cirauqui são 2.700 metros. A subida mais forte entre estes pueblos está na saída de Mañeru, mas o desnível é de apenas 10 metros. Nada demais para um peregrino que passou pelo Alto del Perdón! 🙂
A subida acaba no cemitério de Mañeru, e deste ponto em diante é praticamente uma descida (claro que tem sempre uma subidinha ou outra, mas nada que valha a pena citar). Somente perto do próximo vilarejo que haverá outra subidinha, mas tranquila.
Chegando em Cirauqui
Em Cirauqui você precisará cruzar a “cidade”, lembrando que ela fica em um morro. São poucas, mas fortes ladeiras. Cirauqui é um pueblo interessante, pernoitei aí no meu primeiro Caminho. Fiquei no albergue Maralotx, que adorei principalmente pelo trato. Mas tudo era muito bom.
Apesar disto ter sido em 2009, acredito que ainda seja bom, pois os comentários no guia Consumer são bastante positivos. Algumas vezes a experiência de ficar nos albergues que não marcam fim de etapa dos guias é muito positiva.
Se nada mudou, você vai passar pelo Ayuntamiento, onde vai ter um sello (carimbo) para você mesmo colocar em sua credencial. Ele fica bem na passagem, solto em cima de uma mesinha. Bom, pelo menos ficava lá até a última vez que passei! 🙂
2. Cirauqui a Lorca
Saindo de Cirauqui vai encontrar um pedaço de calçada romana (calçada de pedra) meio chatinha de caminhar. Mas não é muito longa, não se preocupe! Logo em seguida tem o que restou de uma ponte romana. Depois disso o trajeto até Lorca é tranquilo, com algumas subidas e descidas, mas normais, nenhuma aberração. Há algumas passagens por baixo de rodovias para segurança dos peregrinos. Tem um aqueduto, construído em 1939, do Canal de Alloz, que passa por cima do caminho.
Chegando em Lorca há uma boa subida, mas já estará chegando na cidade, onde poderá recuperar o fôlego. Logo na entrada tem a Igreja de San Salvador e logo em seguida uma praça. Nela tem uma uma fonte, mas está escrito que a água não é tratada. Logo, é melhor não arriscar…
Em Lorca, apesar de ser um lugar pequeno, tem albergues, bares e restaurantes. Pouco depois da praça vai ver dois albergues, um de frente para o outro. Os dois funcionam como bar e restaurante também. Não posso opinar sobre o da direita, pois peguei a “mania” de sempre entrar no da esquerda, simpatizei com ele. Um dia talvez tente o da direita, caso passe por lá outra vez. Se você conhece, escreva um comentário no fim da página!
3. Lorca a Villatuerta
Saindo de Lorca tem uma pequena descida e em seguida pouco mais de um um quilômetro de subida. Bem menos íngreme que a subida que encontrou na saída de Puente la Reina! Depois da subida, finalmente 3 quilômetros de descida leve. Afinal, nestes 3 quilômetros saímos de uma altitude de 490 metros e vamos até 420 metros, aproximadamente. Esta descida é bem leve mesmo, quase imperceptível. Claro que tem ondulações no trajeto, mas nada muito drástico. Vai ter uma passagem por baixo de uma rodovia a pouco mais de 700 metros de Villatuerta. Ao sair da passagem já poderá ver que está bem perto da cidade.
Curiosidade: apesar da palavra tuerta significar caolha em espanhol, e de alguns espanhóis acreditarem que o nome significa algo como Vila Caolha, não seria este o significado. Dada sua origem românica, o nome significaria Vila Torta mesmo, no sentido de torcida, sinuosa.
4. Villatuerta a Estella
Finalmente o último trecho desta etapa! Mas apesar da distância que separa Villatuerta de Estella ser de aproximadamente 3,5 quilômetros, este trecho sempre me deixa cansado. Talvez por ser mais tarde e por isso ter um sol mais forte, ou por causa das subidas e descidas, ou da ansiedade de chegar logo. Ou tudo junto! Mas esta é uma impressão pessoal, pois em menos de uma hora estará no destino.
Depois de passar pela última rua de Villatuerta, andará cerca de 600 metros e estará perto da Ermita de San Miguel. Uma pequena igreja construída no final do século X, que foi também um monastério beneditino. Para visita-la (ou observá-la de perto, por fora) precisará se afastar 200 metros do trajeto. São 400 metros (ida e volta), mas lembre-se que talvez você não volte um dia para conhecer. Portanto, não esqueça de desfrutar de tudo no caminho. Nada de preguiça! Ande um pouco mais nem que seja só para tirar uma foto (e mandar para eu colocar aqui embaixo depois!). 🙂
Da entrada para a Ermita de San Miguel, vai andar mais 200 metros e terá mais uma passagem por baixo de uma rodovia, feita para os peregrinos. Quando fui em 2009 esta passagem não existia, já em 2012 estava lá. Acredito que construíram para o Ano Santo de 2010.
Homenagem a uma Peregrina Canadense
Como o trajeto era um pouco diferente neste ponto, eu sei que ali aconteceu uma história triste, pois tem uma placa em homenagem a uma peregrina. Esta placa hoje fica um pouco fora do trajeto.
A história é a seguinte: em 2002, Marie Catherine Kimpton e seu marido, ambos canadenses, resolveram fazer uma pausa neste ponto. É um lugar descampado e tranquilo, ideal para dar uma paradinha. Junto a eles havia outro peregrino.
Estavam os três deitados ali quando um carro guiado por um motorista embriagado perdeu a direção. Foi direto para cima deles, que estavam a uma distância razoável da rodovia.
O outro peregrino conseguiu escapar, o marido teve ferimentos leves, mas ela, infelizmente, não resistiu. Colocaram então a placa em sua homenagem. Agora ela fica um pouco fora do Caminho de Santiago, então muitos peregrinos não conseguem vê-la.
Continuando até Estella
Depois deste ponto serão apenas 2,5 quilômetros de sobe e desce até Estella. Ou melhor, de desce e sobe, pois primeiro vai ter uma boa descida! 🙂
Chegando em Estella vai passar pela Igreja do Santo Sepulcro, construída entre os séculos XII e XIV. Infelizmente está fechada desde 1881, mas parece que é possível fazer uma visita guiada. Dê uma olhada neste link que coloquei no nome da igreja.
Em Estella, caso tenha curiosidade (e tempo), pode visitar o Palacio de los Reys de Navarra. É lá que tem o capitel sobre a luta de Rolando (Roldán) com o Gigante de Nájera, que conto aqui no blog.
Buen Camino!
Mapa e Altimetria da Etapa
Albergues e Outras Acomodações
Puente la Reina (Navarra)
População: 2842
Albergues
Mañeru (Navarra)
População: 400
Albergues
Cirauqui (Navarra)
População: 480
Albergues
Lorca (Navarra)
População: 167
Albergues
Villatuerta (Navarra)
População: 1093
Albergues
Estella (Navarra)
População: 13671
Parabéns ! Sigo com interesse pois fiz o caminho francês 3 vezes: 99 , 2001 , 2006.
Irene – Porto Alegre
Obrigado Irene! Se você lembrar de algo que eu não tenha dito nos artigos, por favor me fale. Colaborações de outros peregrinos sempre são bem vindas!