O Caminho Velho de Santiago (ou Caminho Esquecido)

Um Caminho de Santiago pouco falado, quase sem marcações e praticamente sem peregrinos. Sim, existe um Caminho Esquecido e este é o seu nome.

Porém esta rota luta para voltar a ser frequentada pelos peregrinos, graças ao impulso da recente criação da Associação Leonesa do Velho Caminho Esquecido (Camino Olvidado).

Vários municípios da província de Leão (Léon) fazem parte dessa associação que se estabeleceu com o objetivo de revitalizar esta rota jacobina, uma alternativa ao Caminho Francês.

O árduo processo de recuperação começou há mais de 20 anos, pelas mãos da Associação de Amigos do Caminho de Biscaia, que conseguiu reunir a documentação necessária para o projeto.

Com a melhoria da sinalização e com a inauguração de novos albergues, a procura por esse trajeto tem aumentado pouco a pouco, já constando em alguns guias, que detalham as suas etapas.

O primeiro Caminho de Santiago

Ao regressar da viagem, o abade contou as suas aventuras numa carta dirigida ao então bispo de León, Froilán. Essa carta então se torna o primeiro documento que cita a existência de um Caminho de Santiago.

As origens dessa rota são controversas e se baseiam em um suposto documento histórico, coletado no livro ‘Vexu Kamin’, de Julián González Prieto. Segundo o autor, o abade Gundisalvo acompanhou a comitiva do rei García de Pamplona numa peregrinação ao túmulo do apóstolo Santiago no ano de 902.

O seu percurso seguia mais ao norte do que o atual Caminho Francês, por caminhos de montanhas íngremes, o que evitava que os peregrinos cristãos encontrassem os exércitos muçulmanos, que na época ocupavam praticamente toda a península.

Esta rota é pelo menos dois séculos mais antiga que o Caminho Francês, popularizado a partir do século XII pela publicação do Códice Calixtino, o mais antigo guia para peregrinos que se conhece. 

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À medida que a Reconquista avançou, os árabes recuaram para o sul e o Caminho começou a seguir por trajetos mais confortáveis.

Muito difícil de percorrer durante os meses de inverno, o Camino Olvidado é uma rota que só deve ser percorrida do início da primavera ao fim do outono.

O trajeto do Caminho Esquecido

A rota original do Caminho Esquecido começa em Bilbau e atravessa a encosta sul da cordilheira cantábrica, seguindo pelas antigas estradas romanas por cerca de 650 quilômetros até chegar a Santiago.

Essa rota histórica se junta com o Caminho Francês nas proximidades de Villafranca del Bierzo (León), mais especificamente em Cacabelos, e compartilha os últimos 186 quilómetros do percurso com o tradicional trajeto.

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A província de León é a que acolhe a maior parte dessa rota jacobina, já que os peregrinos devem percorrer uma distância de 210 quilômetros por 25 municípios.

Para maiores informações, pode-se consultar o conhecido guia Gronze (em elaboração) ou então, por ora mais recomendado, a página oficial do Camino Olvidado.

4 comentários em “O Caminho Velho de Santiago (ou Caminho Esquecido)”

    1. Claudio Bittencourt Pacheco

      Olá!!

      Que legal Ledi! Não deixe de contar depois como foi! Obrigado por ler e participar do blog! 🙂

      Um abraço e bom Caminho!

  1. Olá Cláudio,

    Antes de mais nada, quero agradecer por cuidar tão bem desse blog e dividir tantas informações úteis para quem planeja fazer o caminho!

    Ainda preciso ler muito do conteúdo para estar em dia com muitos dos detalhes da preparação, mas no momento estou com uma dúvida inicial importante e decisiva para todo o restante que gostaria de pedir sua visão de peregrino mais experiente:

    Há bons anos planejava fazer o Caminho (desde SJPP) e estava complicado conseguir ficar ausente pelo tempo que ele demanda. Agora está surgindo uma oportunidade (e em especial uma boa razão/motivação para fazê-lo neste momento). Imagino que o “prazo limite” para uma caminhada desde SJPP seria iniciá-la no mais tardar na primeira semana de outubro, para finalizá-la no início de novembro, quando já deve começar a esfriar. Se “perder essa janela”, imagino que a próxima se abriria em abril, mas aí já não tenho tanta certeza se terei a mesma possibilidade de me ausentar…

    Te pergunto: Por sua prática, acredita que no prazo até o início de outubro é possível fazer todo o planejamento (1 mês)? Não sei se em suas peregrinações costuma fazer as reservas pelas cidades antes de partir para a Europa ou se vai fazendo isso na medida em que vai caminhando e de acordo com o desempenho de cada dia de caminhadas.

    Caso tenha alguma rede social que possa dividir (Instagram, etc.) ficarei feliz se puder depois tirar mais algumas dúvidas contigo!

    Obrigado mais uma vez!
    Um grande abraço e ótima semana!

    1. Claudio Bittencourt Pacheco

      Olá!

      Primeiramente agradeço por ler o blog e a confiança no meu trabalho. Ou melhor, no nosso trabalho, pois o site está aberto para colaboração de outros peregrinos e, volta e meia, recebo mensagens que me ajudam a atualizar o site.

      Bem, vamos à sua pergunta. Eu sempre fiz o Caminho em meados de abril/maio. Teve vezes quase sem chuva e muito calor, outro ano com um frio fora de época, mas frio mesmo… Já outra vez choveu muito mas também peguei frio e calor. Esse ano mesmo, peguei chuva somente 2 dias, e talvez um pouco de chuvisco mais uns 2 ou 3. Nada de frio intenso quando eu estava lá. Porém, quem chegou uma semana depois pegou neve nos Pirineus.

      Contei isso para que você esteja preparado, pois como vai no outono, pode ser que o clima pregue algumas peças. Nada demais, tudo se arranja lá!

      Quanto ao tempo: tudo depende do seu ritmo de caminhada, e isso você só vai descobrir lá. Geralmente os peregrinos fazem de SJPP à Santiago de Compostela em 32 a 35 dias. Recomendo que não se apresse, curta o caminho e não tente andar mais do que pode. Ouça o seu corpo para não comprometer os dias vindouros. Se puder, tente emendar a ida com algum feriado, ganhando uns 2 ou 3 dias.

      A minha preocupação nessa época em que vc planeja ir é que alguns albergues já começam a fechar as portas, então fique de olho nas datas de cada albergue, principalmente em novembro.

      Nessa época há menos peregrinos, comparando com a alta temporada (maio a agosto). Mas… tudo depende, se tiver algum feriado prolongado na Europa consequentemente haverá mais peregrinos. Mas é algo que vc sente lá mesmo.

      Eu não costumo reservar nada antes de ir ou, às vezes, reservo a estadia de SJPP. Este ano não reservei, mas como cheguei cedo lá, nem fila tinha no albergue municipal (esse não faz reserva). A fila foi aumentando à medida que a hora de abertura se aproximava. Como o sol estava ardendo, o povo fez fila com as mochilas para marcar o lugar e correu para a sombra!

      Nos demais dias, vou reservando à medida em que vou avançando. Aliás, quando reservo… E faço isso no dia anterior, ao chegar no albergue, já entro em contato com o do dia seguinte. Caso decida mudar o destino do dia durante a caminhada, é só ligar e avisar, assim liberam o lugar para outro peregrino. Acredito que hospedagem nessa época do ano não vá ser um problema. Só observe o fluxo de peregrinos, se estiver muito cheio, talvez seja melhor reservar.

      Outro ponto importante: os últimos 100km. A partir de Sarria aparece peregrino de todo canto. Esse ano, por exemplo, preferi parar por uma hora para esperar todo mundo passar, pois parecia procissão, até difícil de caminhar. Isso acarreta em uma “corrida” por lugar nos albergues, então recomendo que reserve, se possível, uns dois dias antes. Ou no dia anterior, mas não deixe para fazer muito tarde.

      De qualquer forma, há diversas opções de hospedagem. Em Arzua, por exemplo, aluguei um apartamento pelo Booking, pois estava tudo lotado. Dividindo com outros peregrinos não fica muito acima do que gastaria no albergue, com a vantagem de geralmente ter máquina de lavar (ajuda a economizar). Porém, eu trato isso como exceção, pois ficar em albergues traz as melhores experiências, pois você se integra com outros peregrinos, troca ideias, faz amizades. Mas, obviamente, você adapta isso à sua realidade e necessidade, você pode se dormir onde quiser, não há uma regra! 🙂

      Espero ter respondido todas as suas dúvidas. Porém, sempre que precisar, pode perguntar (ou reiterar a pergunta, se não esclareci). Que você faça um bom Caminho e, se desejar, escreva-nos contando algum “causo”, ou um relato sobre o caminho, ou avisando de algo que precisa ser atualizado. Toda colaboração é bem-vinda e ajuda outros peregrinos. 🙂

      Um abraço e bom Caminho!

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